Minimalismo
Por vezes os clientes questionam se Feng Shui é sinónimo, ou se implica aderir à atual corrente do minimalismo, «slim», «light», «tiny» … ou seja, «quanto menos, melhor».
Na verdade, “Não!”.
No entanto, é preciso compreender que esta milenar arte chinesa, de energização e harmonização dos espaços, surgiu na China há mais de 3.000 ou 4.000 anos, por observação direta dos ciclos da natureza e do comportamento dos animais, pelos que os bens materiais disponíveis seriam naturalmente escassos.
Mas estas observações, embora fossem feitas por todos os que trabalhavam em contacto direto com a natureza (ex: agricultura, pesca, caça, pastorícia, etc) foi sendo também registada e interpretada pelos sábios ou eruditos que acompanhavam e aconselhavam os senhores da guerra, e mais tarde os Imperadores.
Recordemos também que as habitações por vezes tinham uma duração sazonal não só porque era preciso levar os animais para onde havia bons pastos, mas também porque os materiais de construção eram perecíveis.
Com exceção das famílias nobre, feudais, e a corte imperial, as populações eram pobres, sem capacidade para adquirir bens que não fossem estritamente essenciais.
No tempo dos nossos Avós
Mas se nos lembrarmos das casas dos nossos avós e bisavós, por certo conseguimos recordar que um dos móveis mais apreciados eram as grandes arcas de madeira; frequentemente havia várias, de diferentes tamanhos, e tanto serviam para guardar as farinhas, como os pães cozidos, as roupas de casa, o enxoval das filhas casadoiras, mas também as loiças a usar em dias de festa familiar ou religiosa. Para além destas arcas multi-funcionais, poucos eram os móveis da casa.
Considerando que Feng Shui significa «vento» e «água», e estes elementos implicam não só fluidez, mas também diferentes manifestações das suas potencias (ex: suave brisa / ventos ciclónicos; pequeno riacho ondulante / tsunami), importa compreender que é preciso evitar a sobrecarga de móveis e decoração para que a energia pessoa fluir livremente em todas as divisões da casa.
Minimalismo – Sugestões para refletir
Recentemente falámos da relação entre Feng Shui e o moderno conceito de «minimalismo». Não estando diretamente relacionados, nem sendo a versão atual de um conceito ancestral, a verdade é que ambas sugerem espaços amplos, com pouca pressão de mobiliário para que seja mais fácil a limpeza, a organização e o arejamento.
Em seguida, irei partilhar sugestões da tendência minimalista, mas que se adaptam perfeitamente aos princípios milenares de Feng Shui:
• diga “não” a tudo o que não precisa e é dispensável; seja honesto consigo e generoso com os outros pois há sempre alguém que precisa mesmo que você não necessita;
• não arranje cantinhos para guardar tudo o que não usa – evite acumular e afaste da sua cabeça a célebre frase: «pode ser que eu precise um dia!»;
• não compre compulsivamente apenas porque gosta / dá prazer ou tem capacidade financeira; afaste-se da tentação dos saldos e compras por impulso;
• escolha peças de boa qualidade, duráveis e fiáveis, que aliem forma e função;
• repudie uma eventual sensação de «culpa» quando estiver a simplificar os seus móveis e a sua vida – acredite no seu bom senso e intuição;
• elimine e destralhe tudo o que tiver em duplicado ou triplicado; será que se lembra de tudo o que tem?
Agora que conseguiu eliminar algumas peças da sua casa – ex: roupa, sapatos, malas, caixas da cozinha, sacos, tachos, pequenos móveis, etc. – leve-as de imediato para fora de casa, nem que a opção seja colocar na bagageira do carro durante a primeira noite. E no dia seguinte, dirija-se a uma instituição ou ponto de recolha e entregue tudo.
A seguir vá celebrar, mas que isso não implique fazer mais compras!
Decoração minimalista
Quando falamos sobre casas que espelham uma decoração minimalista devemos lembrar que se trata de uma forma de estar na vida, que envolve diferentes princípios de simplificação e de aproximação ao simples e natural com reduzida pegada carbónica.
Assim, é contrário a esta forma de estar tudo o que traduza excessos de objetos, acessórios, móveis ou vestuário. Este estilo de vida prefere a praticabilidade, a funcionalidade e a simplicidade pelo que tudo o que possa ser considerado “supérfluo” deve ser eliminado pois é considerado desnecessário. É aqui o minimalista se associa ao Feng Shui pois ambos os conceitos preconizam a fluidez dos espaços, ambientes organizados e limpos, com muita e boa iluminação, onde a funcionalidade dos objetos se alia a uma vertente espartana da vida.
Minimalismo – Quarto simples e funcional
Em seguida partilhamos algumas sugestões que os especialistas de design e decoração propõem para que o quarto de dormir seja mais simples e muito funcional. Faça fotografias ao seu quarto, imagine a planta do espaço e comece a pensar em que medida pode integrar estas ideias:
1. Cores: as mais recomendadas são as cores neutras, como sejam as chamadas cores pastel, a gama de cinzas muito claros e os brancos (consulte um catálogo de tintas e espante-se com a diversidade de tons que são propostos);
2. Materiais: prefira as fibras naturais (ex: algodão, linho, seda) e os materiais que se apresentem mais próximos da forma existente na natureza;
3. Móveis: tenha apenas os móveis estritamente necessários par arrumar tudo o que tem mas para isso precisa de destralhar e reduzir os objetos a guardar – ex: quantos pratos / copos / talheres tem na sala? e quantas vezes os usa por ano?
4. Iluminação: abra bem as janelas e portas das varandas, aproveitando ao máximo a luz natural; quanto à iluminação artificial, opte pelas lâmpadas de baixo consumo e coloque os pontos de luz próximos dos locais onde efetivamente precisa dessa iluminação;
5. Roupa de cama: quais os têxteis que usa na cama? Lençóis ou édredon? Será que prefere édredon, mas ainda tem vários conjuntos de lençóis do enxoval que não usa há anos? Prefira roupa de cama de qualidade, com toque suave e macio, e de fibra natural como o algodão;
6. Organização: organização dos espaços e objetos é algo intrínseco ao ancestral Feng Shui e ao moderno minimalismo. Sendo proibido ter os objetos espalhados pela casa, recorde-se de um antigo ditado popular português: «cada coisa no seu lugar, um lugar para cada coisa». uma boa organização é algo que não pode faltar no quarto minimalista. Por isso, nada de deixar roupas, sapatos e tralhas espalhadas pelo ambiente.
Mini casas
Neste momento, em todas as redes sociais, proliferam vídeos e tutoriais que ensinam «faça você mesmo» – DIY, do it yourself – a potenciar conforto e funcionalidade em mini casas.
Na versão mais citadina, e de acordo com um estilo de vida alternativo, mas não despojado de conforto, existem as «casas-rolantes», versões amadoras e customizadas das antigas roulotes.
Estes vídeos são maravilhosos pois permitem ver aquilo que cada pessoa considera indispensável para viver de acordo com o seu padrão de qualidade. Podemos também apreciar as formas criativas como organizam, arrumam e usam as coisas que transportam e que, em alguns casos, não são exatamente minimalistas.
O que pensa do minimalismo?
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