Os animais celestes
Quando começamos a ler livros, artigos ou material das redes sociais sobre Feng Shui, é frequente encontrar referência aos 4 ou 5 animais celestes – o que são? O que representam? Existem ou são simbólicos?
Na tradição chinesa, estes animais faziam parte intrínseca da observação da natureza pelo que, no processo de escolha de um local para construir uma casa, ou estabelecer uma aldeia, ou mesmo edificar um palácio imperial ou uma fortaleza, era fundamental que os sábios determinassem se o terreno era propício.
Recordemos ainda que, quando os povos orientais começaram a sedentarizar, era de maior importância a determinação do melhor local para repousar os restos mortais dos anciãos da comunidade, pois eles iriam zelar pela proteção e segurança da aldeia, sendo necessário disporem do melhor local e das melhores condições para realizarem essa tarefa desde o além.
Tratam-se de figuras da mitologia chinesa que representam os 5 elementos constituintes da matéria na natureza e por isso, intrinsecamente associados ao Feng Shui.
Nas imagens que partilhamos, podemos verificar que estes animais se apresentam ao redor da casa e devem por isso zelar pela saúde, prosperidade e segurança da família.
Este elemento da análise do Feng Shui, é exclusivo da análise do meio envolvente da casa, mas, excecionalmente poderemos falar da Tartaruga no interior da habitação e disso falarei mais à frente.
Características dos animais celestes
A cada animal está associado um vasto conjunto de características das quais destacamos:
- TARTARUGA NEGRA – associada à energia da água representa o passado, o apoio e a proteção familiar, a segurança, a estabilidade e a saúde física; fica situada nas traseiras da casa e por isso procuramos uma montanha ou, em meio urbano, um ou mais prédios mais altos e que protejam a casa que estamos a analisar.
- DRAGÃO VERDE– associado à energia da árvore representa a energia masculina, a ação, o empreendedorismo, a aventura, a força e a sabedoria; encontra-se no lado esquerdo (quando estamos de costas para a casa) e na análise do meio envolvendo, procura-se validar a existência de uma árvore alta e forte ou, se for na cidade, um prédio que se destaque pelo volume (se for verde será ainda mais auspicioso).
- FÉNIX VERMELHA – associada à energia do fogo representa o futuro, os projetos, a beleza e a paixão, as trocas comerciais e por isso o potencial de prosperidade; fica situada na frente da casa (por isso gostamos tanto de casas com uma boa vista, ampla e extensa – curioso, não é verdade?); na natureza ou em meio rural é simbolizado por um rio, riacho ou ribeiro, mas também por um belo e fértil vale verdejante, enquanto que na cidade, as estradas e autoestradas representam rios mais ou menos caudalosos e com um tráfego controlado ou vibrante e ruidoso.
- TIGRE BRANCO – associado à energia do metal representa a energia feminina, o estado de alerta e o controlo das situações, a capacidade de fazer acontecer mas também o controlo e a proteção «felina»; encontra-se no lado direito (quando estamos de costas para a casa) e na natureza está associado a uma árvore de porte mais pequena e copa arredondada ou um belo arbusto (preferencialmente com flores brancas); no meio urbano, é representado por um prédio ou conjunto de prédios ligeiramente mais baixos e eventualmente brancos.
- SERPENTE – associada à energia da terra assegura a ligação, equilíbrio e harmonia entre os restantes animais; representa a liderança e o comando e situa-se exatamente no local onde está implantada a casa ou o prédio cujo apartamento se está a diagnosticar.
A detalhada observação do meio envolvente, das diversas manifestações da natureza ou da vida social e urbana, constituem o primeiro passo de uma consulta; este estudo, que antecede e prepara a visita à casa ou apartamento, habitualmente não é (re)conhecido por parte do cliente, mas é um dos elementos mais relevantes para a posterior indicação de intervenções no espaço residencial.
Desde tempos longínquos que se refere ser a parte mais relevante do estudo da casa e mais recentemente, considera-se que aproximadamente 70% da influência energética da casa advém do meio envolvente.
Desta forma, as intervenções dentro da habitação, apesar de assumirem enorme relevância pois é nelas que o cliente pode efetivamente atuar e tem pleno arbítrio para implementar as mudanças, representam apenas 30% da qualidade e influência energética do espaço.
Reitero que os animais celestes pertencem ao estudo do meio envolvente, mas, excecionalmente, e atendendo à sua importância simbólica, podemos criar algumas analogias sobre a tartaruga no interior da casa.
Vejamos exemplos concretos e simples:
SALA – nesta divisão da casa, a tartaruga é representada pela maior parede sem janelas, e nela deve apoiar-se o sofá maior ou no mínimo os sofás onde se sentam os donos da casa; é desejável que esta disposição do mobiliário permita o pleno controlo visual de toda a movimentação no espaço – é um local de poder e deve ser reservado aos adultos da casa, ou ao ancião da família.
QUARTO – nesta zona da casa ou do apartamento, é representada pela maior parede dega (ou seja, sem janelas) pelo que deverá ser o local onde se encosta a cama; alerta-se para o facto de ser fundamental que a cama tenha uma cabeceira, preferencialmente em madeira ou material bem compacto pois ela traduz de forma mais observável a «carapaça» protetora da tartaruga.
Se duvidam da eficácia de uma cabeceira da cama – até porque atualmente as grandes lojas de móveis, para reduzir custos, adotaram as camas sobre estrados como sendo a opção mais moderna de mobiliário urbano – sugiro vivamente que procurem os testemunhos de clientes nas minhas páginas no Instagram ou Facebook ou busquem outras fontes sobre o tema.
CADEIRA – que tem em comum a poltrona do rei, a cadeira do juiz no tribunal, o lugar do nosso avô à mesa ou o assento do administrador da empresa? Todos apresentam um assento maior que os restantes, ligeiramente mais elevado, com costas bem marcadas e mais altas, apoio de braços eventualmente almofadados e são uma peça de mobiliário que se distingue facilmente dos demais.
Qual o motivo, já pensou? Representam o poder e a autoridade de quem neles se senta e incorporam os 5 animais celestes – vejamos: o espaldar é a tartaruga, os braços são o dragão e o tigre, o tradicional banquinho para repousar os pés é a fénix e o assento é a serpente. Eis o assento tradicional que antigamente se destinava à pessoa mais velha da família e que a todos inspirava respeito e temor, mas também segurança e confiança.
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